Violência é debatida no 1º Encontro de Prefeitos, Vice-prefeitos e Vereadores

Uma “chacina sem fim”. Assim o sociólogo e coordenador do curso de Ciências Sociais da PUC Minas, professor Luis Flávio Sapori, descreveu o panorama do tráfico de drogas, especialmente de crack, “em que cada vez mais jovens de 15 a 24 anos estão envolvidos”. Ele ressaltou que nessa faixa etária são quase 22 mil assassinatos ao ano: "Isso não é pouco, tenho classificado isso como um genocídio". A afirmação foi feita durante palestra sobre Juventude e Violência, proferida durante o 1º Encontro de Prefeitos, Vice-prefeitos e Vereadores eleitos da Região Metropolitana, realizado em 4 de dezembro no campus Coração Eucarístico, uma iniciativa inédita da Arquidiocese de Belo Horizonte e da PUC Minas.

O professor considera que há um grande espaço de atuação das cidades nessa área. "Os municípios podem ser muito úteis nas políticas de prevenção social. A adoção de políticas públicas que possam minimizar o impacto e a inserção desses jovens no tráfico de drogas e da violência gerada pode, sim, ser minimizada e atenuada em parceria com a sociedade civil", disse. Segundo ele, essas ações podem englobar, de alguma maneira, projetos que envolvem atividades com alto conteúdo normativo, educativo, de formação moral, através do esporte, da música, através das artes, "o que não implica desconsiderar a capacitação profissional e a criação de mecanismos para a oferta de trabalho para esses jovens. Tudo tem que ser feito simultaneamente". "O desafio é oferecer a essa juventude em situação de risco o que o tráfico oferece, fomentar ‘gangues do bem’; não apenas o aspecto econômico, mas de apoio, auto-estima, solidariedade".

O professor Sapori ressaltou que o crescimento da violência na Região Metropolitana deve-se à prevalência e à disseminação do tráfico de crack, "que tem poder destrutivo muito maior que as outras". Ele afirmou que a violência é uma "grande mazela na realidade brasileira contemporânea, que precisa de uma ação clara, imediata e contundente por parte das autoridades políticas". Segundo ele, há uma grande necessidade de políticas públicas focalizadas no que tange à faixa etária de 15 a 29 anos e, em especial, de 15 a 24 anos. "No Brasil, praticamente 19% dos jovens de 15 a 24 anos estão desempregados, é a faixa etária em que o fenômeno é mais grave, comparativamente com a população acima de 30 anos", disse.

O 1º Encontro contou com a presença do arcebispo metropolitano e grão-chanceler da Universidade, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, do bispo auxiliar e reitor, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, e do vigário episcopal para Ação Social e Política, padre Ademir Ragazzi.

Dom Walmor disse que espera do encontro "um longo caminho de intercâmbio, fazendo crescer parcerias que já existem (entre a Arquidiocese e os municípios), de modo que os grandes frutos sejam melhores serviços social e político ao povo que tem necessidades muito grandes e que confia nesses que elegeram".

O reitor, professor Dom Joaquim Mol, afirmou que o encontro marcará o início de um diálogo que poderá ser muito frutífero para a Arquidiocese, "porque ela se coloca na atitude de escuta, de fala, de troca de experiências com pessoas muito importantes", além de importante também para a sociedade, "na medida em que pessoas com funções da mais alta responsabilidade se dispõem a conversar sobre os destinos de nossas comunidades".

Receptividade

O vice-prefeito eleito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, considerou o Encontro uma iniciativa fundamental. "Nós temos que integrar a Região Metropolitana para que os problemas não sejam apenas debatidos. É hora de nos juntarmos para que possamos  discutir as soluções, a integração das políticas sociais e promover uma grande rede social em defesa da vida e realmente enfrentar os graves problemas sociais. É uma feliz iniciativa que terá todo o apoio da prefeitura de Belo Horizonte".

De acordo com a prefeita reeleita de Contagem, Marília Campos, é importante "articular as autoridades políticas nos municípios para discutir o comprometimento com as políticas públicas. A gente vive uma solidão muito grande nos municípios, então é mais um fórum de debate", disse.

O prefeito eleito da cidade de Rio Manso, Adair Dornas dos Santos, disse que o Encontro é "muito salutar, porque vai estreitar o relacionamento das administrações municipais com a Igreja, fazer desse fórum uma ação permanente para a gente discutir uma série de ações sociais que podem ser desenvolvidas entre a Igreja e o município".

O vereador eleito Luis Fernando dos Santos Gomes, também de Rio Manso, considerou interessante que sejam marcados outros encontros para a troca de idéias. "A intenção nossa é ajudar, em benefício de nossa cidade e região", disse.

« VOLTA