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O fim do ano se aproxima e, com ele, a chegada do verão, estação convidativa para aproveitar os dias ao ar livre, com muito sol, mar e piscina. É justamente nesta época que começa a busca desenfreada pelo corpo ideal. As academias lotam, dietas de todos os tipos são postas em prática e, na tentativa de garantir um bronzeado, as pessoas abusam da exposição ao sol. É o famigerado "projeto verão". A intenção pode até ser boa, mas essas atitudes imediatistas podem representar riscos à saúde.
Cuidado com as dietas!
Com a proximidade do verão, as pessoas tendem a querer emagrecer em tempo recorde para poderem se sentir confortáveis em roupas de banho. Entretanto, as dietas restritivas e o emagrecimento a curto prazo são inversamente proporcionais ao emagrecimento saudável e duradouro. É o que explica Vanessa Martins, coordenadora da Clínica de Nutrição da Unidade Barreiro. "A pressão para atingir um ideal de corpo em um curto espaço de tempo pode levar a práticas prejudiciais, como dietas extremamente restritivas que causam desidratação, exercícios excessivos para os quais sua musculatura não está preparada e o uso inadequado de suplementos". Além disso, a nutricionista explica que, devido à privação de nutrientes, essas dietas podem provocar problemas no fígado e rins, hipertensão, arritmia cardíaca, gastrite, insônia, dor de cabeça crônica, desidratação e anemia.
Então, existe um ritmo ideal para o emagrecimento? Vanessa alerta que toda dieta é individual e tem que ser prescrita e acompanhada por um nutricionista. “Cada pessoa tem seu metabolismo e, por conta disso, é preciso que tenha uma dieta específica para o funcionamento do seu corpo. Mais do que cortar alimentos, é preciso uma reeducação alimentar”, afirma.
Ela reforça que essas dietas causam, de fato, uma diminuição do peso nos números da balança, mas, ao invés de perder gordura, a pessoa acaba perdendo água e músculo, elementos importantes para manutenção da saúde humana. “O maior erro destas dietas é cortar um dos grupos macronutrientes de alimentos, que são as proteínas, os carboidratos e as gorduras, pois eles exercem funções importantes no organismo. Você pode reduzir, desde que prescrito por um nutricionista, mas nunca cortar totalmente”, adverte.
Qualquer mudança de hábito alimentar requer desconstrução, reprogramação e readaptação de novos processos metabólicos e isso não é possível de um dia para o outro. Além das variáveis e exigências da rotina contemporânea, como estado emocional e estilo de vida que devem também ser considerados. "Uma dieta saudável exige tempo, esforço, dedicação e acompanhamento profissional. Devemos valorizar o autocuidado como uma prática diária, com alimentação saudável, exercícios regulares, hidratação e sono adequado", aconselha Vanessa. Outra dica é seguir a regra de ouro do Guia Alimentar para população brasileira: "descasque mais, desembale menos": "Adotar uma alimentação balanceada é fundamental independentemente da estação. É sempre importante dar preferência aos alimentos in natura ou minimamente processados", completa.
Outro lembrete para o verão é que altas temperaturas pedem comidas leves e frescas, de fácil digestão e que ajudem o corpo a repor a água perdida no calor. "Dê preferência para alimentos mais leves e ricos em água e nutrientes para evitar a sensação de cansaço. Não fique longos períodos sem se alimentar durante o dia. Frutas, verduras e legumes são ótimas fontes de vitaminas, minerais, fibras e água, além de serem leves e refrescantes nos dias quentes. Uma sugestão é consumir as frutas da estação, como morango, melão e pêssego”, lista Vanessa, que ainda destaca ser importante evitar alimentos gordurosos e frituras.
Hidratação é fundamental
A ingestão de água em níveis adequados é importante em qualquer época do ano, mas, no verão, ela é fundamental para a manutenção da saúde e do bem-estar. De acordo com a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), a recomendação para crianças e adolescentes a partir de dois anos até 18 anos seria em torno de 1,3 a 2,4 litros de água total, o que inclui alimentos e bebidas. Para adultos, 3,7 litros de líquidos total por dia para homens e 2,7 litros para mulheres.
Sentiu sede? Acenda o sinal de alerta. Esse é o principal sintoma de desidratação. Em caso de desidratação leve, pode ser o único. Conforme a perda de líquidos vai se intensificando, sintomas como boca seca, olhos secos e fundos, fadiga, tontura, indisposição e desatenção se evidenciam. Além disso, gradativamente pode aparecer queda da pressão arterial postural, que é tontura ao se levantar da posição deitada para em pé, aumento da frequência cardíaca e, em casos mais graves, acontece a queda da pressão arterial independentemente da postura. Nesses casos, o ideal é procurar ajuda médica. O diagnóstico é feito com avaliação clínica e da realização de exames de sangue, fezes e urina.
Vanessa explica que a melhor forma de manter a hidratação em dia é por meio da ingestão de líquidos. “O consumo de chás, sucos naturais sem açúcar, água de coco, saladas cruas, legumes e frutas também pode auxiliar na hidratação do organismo. Uma dica legal e saborosa é adicionar pedaços de gengibre, laranja, limão, hortelã e outras frutas para aromatizar a água de acordo com a sua preferência”, explica.
Atividade física ideal é com constância, moderação e orientação
Com a proximidade do verão, muitas pessoas lotam as academias em busca de um corpo sarado. Da mesma forma, durante a estação mais quente do ano, as pessoas tendem a praticar esportes ao ar livre como forma de lazer. Mas, praticar atividades físicas de forma intensa sem planejamento ou constância pode fazer mais mal do que bem. "Este movimento de procurar as práticas corporais apenas em determinados momentos do ano é emblemático para entender que vivemos em uma sociedade que valoriza demais a questão estética, deixando para segundo plano a questão da saúde", reflete o Prof. Dr. Joélcio Fernandes, do Curso de Educação Física da PUC Minas. "Atividades físicas deveriam ser pensadas como algo que faz parte do nosso desenvolvimento, que são inerentes as nossas vidas. Pensar as atividades físicas como remédio pode ter efeito adverso, pois, normalmente paramos de tomar remédios quando as complicações orgânicas são resolvidas. Além disso, traz uma carga negativa para atividades, que deveriam proporcionar alegria. Quando há prazer e ludicidade as chances de as pessoas permanecerem por muito tempo nesta condição ativa são grandes. É preciso ter em mente que este estado ativo deveria ser um estado permanente e não transitório", aponta.
Sabe aquela corrida ou partida de futebol que acontece apenas aos domingos? Talvez essa seja a prática possível, devido a correria do dia a dia, mas está longe de ser a ideal. Pensando no objetivo de promoção e desenvolvimento da saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o ideal é que todas as pessoas se exercitem com atividades moderadas por 150 minutos semanais, ou 30 minutos diários por cinco dias, com descanso em dois dias. "Não é aconselhável exercitar apenas nos finais de semana. Além disso, existe também a recomendação que tais atividades sejam praticadas em áreas ao ar livre e/ou em ambientes domésticos, principalmente em tempos de pandemia, e, se possível, de forma coletiva, pois, a socialização contribui para uma adesão maior", reforça Joélcio.
Além da constância, outro fator importante na busca por um corpo saudável é a orientação adequada. "O planejamento e acompanhamento de programas de atividades físicas são importantes, pois, eles têm como objetivo identificar, compreender e acompanhar aspectos biológicos, sociais e culturais que podem contribuir para uma experiência exitosa com as práticas corporais. Neste planejamento é importante identificar por meio de uma anamnese cuidadosa, se os iniciantes, ou não, possuem condições satisfatórias para iniciar um programa. Ao identificar a ausência destas condições favoráveis, o profissional tem elementos e indicadores para mapear quais os aspectos que merecem um cuidado especial, como, por exemplo, uma cardiopatia, diabetes, problemas no aparelho locomotor, etc. Sem estes indicadores qualquer programa, orientado ou não, pode trazer sérios riscos às pessoas, como agravamento do quadro biológico, lesões articulares por atividades impróprias, lesões musculares, dentre outras. Todos estes aspectos podem levar a uma dificuldade na realização dos exercícios e/ou interrupção das atividades, tendo por consequência uma desistência precoce, o que é um grande problema, pois, é muito comum o efeito sanfona, situação onde as pessoas engordam e emagrecem, por iniciar e encerrar um programa em prazos curtos", explica.
Portanto, não adianta se exercitar à exaustão dois meses durante o verão. Para um emagrecimento efetivo e responsável, é preciso respeitar o processo. "Quando as pessoas passam do seu limite, imaginando que elas estão acelerando os resultados, elas estão, na verdade, colocando o processo em risco, pois, as micro lesões musculares causadas pelo excesso de esforço, podem atrasar ou até mesmo interromper o programa", afirma Joélcio. O professor também alerta para a importância de se buscar informações em fontes seguras, com profissionais confiáveis, e não em blogs que disseminam informações, segundo ele, precárias, incompletas e danosas. "É muito preocupante quando algumas pessoas tentam copiar programas que deram certo para uma pessoa, pois, o fato de ter dado certo para um não quer dizer que vai dar certo para todo mundo. Na teoria da área existe um princípio muito fácil de ser compreendido, mas muito difícil de ser seguido, que é o princípio da individualidade biológica, que prevê que cada pessoa é única e, por isso, pode responder de forma diferente aos estímulos", pontua.
No entanto, algumas regras são básicas e devem ser seguidas por qualquer pessoa:
- Importância da bateria de exames laboratoriais para compreender a condição fisiológica;
- Conhecer-se bem: ter ciência de sua condição psicológica, biológica, social e cultural;
- Escolher práticas corporais que lhe dão prazer ou que você precisa realizar no seu cotidiano social diariamente;
- Não cair nas armadilhas do corpo perfeito: este não existe, cada um é único;
- Não esperar resultados imediatos: a dimensão biológica reage de forma gradual;
- Manter uma atividade física de forma regular;
- Realizar práticas corporais com esforço moderado: não passar dos seus limites;
- Hidratar-se com abundância.
Cuidado também com a pele
O astro do verão é também fonte de saúde. A exposição ao sol é a principal forma de produção de vitamina D pelo corpo, que é essencial de várias maneiras para o organismo. Além disso, o hábito de tomar sol ajuda no combate à depressão, melhora a qualidade do sono, ajuda a regular o sistema imune, entre outros benefícios. Contudo, o maior órgão do corpo humano é um dos mais castigados no verão. Longas horas debaixo de sol para garantir um corpo bronzeado pode trazer riscos à saúde.
De acordo com a dermatologista Fernanda Arêas, professora do Curso de Medicina, a única maneira de diminuir os riscos do bronzeamento é através do uso adequado do protetor solar. Ela conta que, ao contrário do que muitos pensam, sua aplicação não atrapalha as pessoas que querem pegar uma cor a mais no verão. “O protetor solar barra muito bem os raios UVB, responsáveis pelas queimaduras solares. Apesar disso, não é tão eficiente para barrar os raios UVA, que deixam a pele mais bronzeada e dourada. Por isso, ao tomar sol usando protetor solar, você tem mais chance de ficar com a cor do verão sem ficar com aquela ardência depois”, explica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a quantidade de protetor solar indicada para cada parte do corpo é: uma colher de chá de protetor solar no rosto, no pescoço e na cabeça; uma colher de chá de protetor para a parte da frente do tronco e outra para a parte de trás; e uma colher de chá para cada braço. A reaplicação deve ser feita a cada duas horas ou sempre que houver transpiração ou entrada na água. De acordo com o último consenso de fotoproteção brasileiro, o recomendado é o Fator de Proteção Solar (FPS) 30, de forma geral. No entanto, pessoas negras podem considerar o FPS 15 e as de pele muito clara FPS acima de 50. "Em dias de mais exposição, é essencial que as pessoas também caprichem na hidratação, bebendo bastante água e apostando em cremes e óleos corporais”, observa Fernanda.
A dermatologista ainda aponta que a exposição prolongada ao sol pode gerar queimaduras solares, piora de manchas como melasma, sardas e melanoses solares. Por isso, o verão deve ser, sim, aproveitado, mas respeitando os horários ideais de exposição ao sol. "Deve-se evitar o bronzeamento entre 10h e 16h, porque é quando há maior exposição aos raios UVB. O ideal é que as pessoas tomem sol antes ou depois deste horário, uma vez que esses raios são os mais associados ao câncer de pele e ao envelhecimento cutâneo”, explica.
Se, mesmo ciente das orientações básicas, você sentir dores de cabeça, tontura, náuseas, pulso rápido, elevação da temperatura e, até mesmo, confusão mental em um dia de calor excessivo, cuidado! Esses são os sintomas da insolação. Nesses casos, além das queimaduras solares, pode haver desidratação devido a perda de água e sais minerais. De acordo com o Ministério da Saúde, a recomendação é que se remova o acidentado para um local fresco, ofereça bastante água ou qualquer líquido não alcoólico e aplique compressas de água fria pelo corpo.
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